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Tesouros turísticos são descobertos em Chapada dos Guimarães

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Vista da "Cidade de Pedra", em Chapada dos Guimarães (MT). Foto: Maíra Arantes Leite Wick

Artes rupestres do tipo gravação são identificadas no sítio arqueológico Fecho do Morro da Lagoinha, em Chapada dos Guimarães, durante visita do Instituto Ecoss

A cidade de Chapada dos Guimarães, localizada no coração do estado de Mato Grosso (MT), revela uma riqueza histórica surpreendente. Seus imponentes paredões rochosos guardam segredos de um passado distante, abrigando inúmeros sítios arqueológicos que contam uma pré-história da região. O estado possui mais de 1738 sítios arqueológicos registrados no cadastro do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Destes, segundo os registros do IPHAN, 53 sítios arqueológicos estão na região de Chapada dos Guimarães, sendo um verdadeiro bem para a arqueologia.

Entre esses sítios arqueológicos de Chapada, um deles ganha destaque: o Fecho do Morro da Lagoinha, localizado dentro da propriedade "Ecovila Mundo Velho" (170 hectares). Desde de 2020 este e outros sítios da Chapada dos Guimarães (MT) vem sendo estudado por uma equipe de pesquisadores, que inclui a participação das arqueólogas Verônica Wesolowski, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP) e Carolina Guedes da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), com o objetivo de realizar levantamentos arqueológicos e estudar as arte rupestre da região.

Localização do Fecho do Morro da Lagoinha (MT). Fonte: Estudo "Arqueologia da arte rupestre em Mato Grosso (Brasil): a Chapada dos Guimarães", publicado em 2023 na Revista Internacional L'anthropologie. Disponível em:  https://hal.science/hal-04130455

 

No mês de maio, o Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Instituto Ecoss) realizou uma visita no local. O objetivo principal da visita foi conhecer e avaliar as potencialidades do sítio para pesquisa, prospecção e turismo.

 

Registros fotográficos da visita da Equipe do Instituto Ecoss ao sítio arqueológico do Fecho do Morro da Lagoinha (MT). Foto: Gustavo Limeira/Acervo Instituto Ecoss

A geógrafa Enir Maria Silva, presidente do Instituto Ecoss e coordenadora do Museu de História Natural de Mato Grosso (MHNMT), ressalta a importância desta visita para avaliar a preservação do sítio arqueológico e também identificar as possibilidades de pesquisa científica e potencial turístico. "Uma exploração adequada feita na área pode contribuir significativamente para o conhecimento pré-histórico dessa região e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento sustentável por meio do turismo responsável", aponta.

 

Durante a visita, a equipe do Instituto Ecoss identificou que o Fecho do Morro da Lagoinha é um sítio arqueológico de artes rupestres do tipo gravação. De acordo com a arqueóloga, Suzana Hirooka, membra do Instituto Ecoss, esses grafismos podem ter sido produzidas por meio do uso de instrumentos de maior dureza do que a própria rocha, conhecidos como painéis, funcionando como telas em que o artista manifesta sua criatividade. "As gravuras podem ser produzidas por raspagem, polimento ou picoteamento, este último utiliza instrumentos de dureza superior à do suporte, formando sulcos que imprimem nas rochas signos e símbolos", destaca.

 

E completa: "No caso do Fecho do Morro da Lagoinha, nós identificamos poucos grafismos zoomorfos (em forma de animal) ou antropomorfos (em forma humana), mas a maioria são figuras geométricos, cujo significado são de difícil interpretação, porque corresponde a cosmologia de povos pré-históricos. E dificilmente a gente consegue ter uma definição assertiva a respeito do cognitivo desses povos".

Gravações encontradas no sítio arqueológico do Fecho do Morro da Lagoinha (MT). Foto: Gustavo Limeira/Acervo Instituto Ecoss

Caiubi Kuhn, geólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, a região da Lagoinha constitui um repositório impressionante sobre a história geológica. "Este sítio conta a história do planeta, contada pelas rochas que se formaram em um grande deserto que recobre a região há mais de 140 milhões de anos, e que hoje formam uma paisagem fantástica, e revela a pré-história pelos registros arqueológicos que existem neste local, com gravuras rupestres feitas pelo homem pré-histórico", descreve.

Suzana Hirooka reflete sobre a gestão desse rico patrimônio arqueológico. "A gestão adequada dos sítios arqueológicos é fundamental para garantir sua preservação, evitar danos irreparáveis e promover o acesso público de forma consciente e respeitosa", analisa. 

 

A cidade de Chapada dos Guimarães se revela como um verdadeiro tesouro arqueológico, com inúmeros sítios que contam a história milenar da região. A expedição ao Sítio Arqueológico Fecho do Morro da Lagoinha realizada pelo Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais é um exemplo importante de esforços para avaliar as potencialidades dessas áreas, ao mesmo tempo em que reforça a necessidade de uma gestão adequada e qualificada para preservar este patrimônio único. Com a devida atenção e cuidado, esses sítios arqueológicos podem contribuir para o conhecimento científico e para o turismo sustentável, proporcionando uma experiência enriquecedora para visitantes e moradores da região.

Enir Maria Silva, presidente do Instituto Ecoss, enfatizou a relevância da colaboração mútua na formulação de políticas públicas para fortalecer os museus em todo o país, com ênfase na região de Mato Grosso. "Este espaço de diálogo, com outros gestores museológicos locais, nos permitiu compartilhar nossas experiências e explorar soluções coletivas para os desafios que enfrentamos na administração dos museus estaduais", destacou.

Por: Thiago "Zina" Crepaldi - Assessoria de Comunicação

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